Sombrio lobo das trevas
Sombrio lobo das trevas,
um ser feérico eu sou,
e já vi onde moram
as almas depois da morte,
vi seus eternos martírios,
e a arrastada angústia
da expiração dos pecados.
Sou aquele que vagueia nas sombras,
entre o crepúsculo e o amanhecer,
imerso na penumbra que reina.
Sou aquele que vagueia nas sombras,
sarcástico uivando melancólico,
sobre as aflições dos que temem os abismos!
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos nem mágoas,
até um dia, afrontei a morte,
na sua faina de colher almas,
enganei o destino e renasci.
Onde ninguém mais pôs os pés
eu já estive em companhia da lua,
com visões de espectros ao crepúsculo
e quantas vezes soturno já dormi,
ao abrigo de um túmulo abandonado,
aquecido somente pela névoa cinzenta.
Já vagueei em desatino,
mas obstinado, despido de angústias,
conluiado com as trevas,
já vagueei em desvario,
no lugar destinado
aos suplícios dos condenados
às penas eternas.
Já presenciei fascinado
as torturas e aflições das almas cadentes,
nos lôbregos tormentos do inferno.
Mas jamais caminharei
ao lado da morte,
não serei dela consorte,
nem descerei ao reino de Hades.
Sou o lobo da noite,
devotado caminheiro das brumas,
extasiado companheiro dos crepúsculos,
fugitivo dos albores das alvas auroras ...
Não irei mais com a morte,
continuo leal parceiro da lua,
a procurar minha linda,
como uma busca sem fim,
até finalmente a encontrar
para ao lado dela então ficar .