Tempo Tempestade
Autor: Fabio Renato Villela on Thursday, 14 March 2013
O mênstruo da tempestade
revela os sujos pecados da cidade.
"Bocas de lobo" regurgitam
crimes não digeridos
e fomes não saciadas.
O vento açoita meu rosto
e sinto o arroto, escroto, esgoto
donde
transbordam os rancores
enquanto a enxurrada arrasta
as crenças derradeiras
das mulheres carpideiras.
Os rugidos da celeste besta-fera
condenam os pecadores
e as blasfêmias que lhes são devolvidas
são caladas pelo vento navalha
nas mãos do pastor canalha.
Estão úmidos os olhos do Mundo.
Choram os erros
e temem os castigos.
Danaram-se os abrigos
e nos afogam
as águas de Jobim.
As águas do fim.
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