Longínqua memória
Naquela distante esquina
Onde a morte encontra a vida,
Olhei o flagrante rosto de um velho
Mil rios sussurrantes salpicavam o seu olhar
Inebriante de cores infindas
As suas rugas exaltavam a dor
Que de mãos dadas comigo percorreram o caminho,
E na noite mais escura da minha alma
Abracei o mundo estendido no efémero sol
Que o meu sonho suavemente desenhou
Sentindo apenas o cristalino som que me preenche
E encantando-me com o eterno bailado
Que andorinhas nas imaculadas nuvens sopraram.
E de joelhos na tua campa fico
Nela beijando a minha morte desvanecida
E a tua fúnebre imagem
Que o meu caótico coração carrega
E as minhas vísceras acalentam,
Acaricia a minha alma de ti sedenta
E os seus ramos enxugam as minhas lágrimas
Que do infinito do meu ser transbordam.