M.PIPER, a escolha

 

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  E assim, naquela manhã de Domingo, Piper sentou-se no Scriptorium e mergulhou a ponta da pena na Tinta Eterna Higgins Evaporada e começou a escrever: «Sendo o meu nome de familia Pirrip e o meu primeiro nome Philip, a minha lingua de criança não conseguia fazer com os dois nomes nada mais longo ou explícito do que Piper...» Deteve-se. Não estava bem. Devia ser Pip. Mas após um momento de hesitação, voltou a mergulhar a ponta da pena no tinteiro e continuou.

  Afinal, dentro de mil anos quem havia de querer saber quem fora o autor de Grandes Esperenças? Só uns pouco de estudiosos que ainda saberiam ler inglês. As obras impressas já estariam extintas. Só os manuscritos de Piper, em pergaminhos encadernados com a pele mais resistente e preenchidos com a caligrafia perfeita e hieroglífica dele e letras douradas com iluminuras, conseguiriam sobreviver ao teste do tempo e encontrar um lugar nos museus do mundo, um testemunho silencioso da sua dedicação à literatura e da sua capacidade de artifice. E quando tivesse acabado Dickens, começaria Henry James e também copiaria os romances dele à mão. Tinha o trabalho de toda uma vida à sua frente a copiar a grande tradição com Tinta Eterna Higgins. O nome de Piper ainda havia de ser literalmente imortal...

 

 

 

                                                                                   TOM SHARPE

 

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M.PIPER

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