Ponto de fuga

Escondi-me num silêncio revelador e acutilante
Recolhendo da madrugada toda a luz imersa
Nesta catarse de desejos inebriantes
 
E assim brota a esperança suspensa num cardume
De ilusões tão gratificantes, sorvendo cada gota desta
Saudade urgente, refinada…ofegante
 
Deixo por momentos a semi-recta da solidão colidir com
A bissectriz de um sonho geometricamente desenhado entre
Nosso ponto de fuga e a raiz quadrada deste verso bem alinhado
 
E no vício da escrita me embrenho pois necessito desta lógica
Sistemática derivando em cada estrofe qual axioma aritmético
Multiplicação de tão óbvias palavras numa rima dedutiva e hipotética
 
Quão genéticos se tornaram os sonhos nesta engenharia poética
Dando à luz o software de paixões alegóricas complementando este
Teorema de amor esquemático, proporcional…apologético
 
De cálculo em cálculo divido a asserção deste sistema operativo executando
A linguagem universal colhida e armazenada na interface da vida
Preciso desktop onde cogito cada rima frenética, explícita… tão atrevida
 
Em algoritmos codifico o quociente do silêncio que se aloja na drive da
Minha memória interna…alimentando aquele gigabyte de amor, que o amor
Arquiva, computa e sempre quando quer…acessa e loucamente nos disputa
 
FC
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