AMANHÃ!

 

      Resta um dia, mais um dia,
      Algumas horas ainda
      De amor, de ternura infinda!
      Amanhã nos olhos teus,
      Uma lagrima sentida;
      Em teus labios, um _adeus_!

      O instante da despedida
      Tão perto está!... Minha vida,
      Crava teus olhos nos meus,
      Um sorriso, um beijo ainda,
      Mais um'hora de ternura,
      De amor, de alegria infinda
      Antes d'esse longo _adeus_!

      Adeus de tanta amargura!
      Sabe Deus! oh! sabe Deus,
      Quando outros dias virão,
      Tão gratos ao coração!
      Quando nessa face linda
      Verei sorrir a ventura;
      Mas agora um beijo ainda
      Antes que chegue o momento
      De soltar o extremo _adeus_!

      Oh! tira do pensamento,
      A hora da despedida;
      Mais um instante de vida,
      De delicia e gloria infinda!...

      Amanhã!... ai! não te lembres
      De tal dia de amargura!
      Crava teus olhos nos meus;
      Inda um'hora de ventura,
      De amor, de alegria infinda
      Sorrindo nos olhos teus:
      Um beijo, mais outro ainda,
      O derradeiro: oh! _adeus_!

Abril de 1857.
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