Á morte da Ex.ma Sr.a D. M. Henriqueta de Campos Valdez
Autor: Bulhão Pato on Wednesday, 23 January 2013
Bella, graciosa e timida, Na aurora da existencia Rosa de grata essencia Sorrias em botão! A luz do sol explendido Vinha inundar-te a frente, Suave e docemente Beijar-te a viração! Como os affectos intimos Da maternal ternura Enchiam de ventura, A tua vida em flor! E como a face candida Serena, reflectia A magica poesia D'ess'alma toda amor! Dos pensamentos lugubres, Das ambições da terra, Das maguas que ella encerra, Dos crimes que contém, Jámais a teu espirito Chegará o som profundo, Anjo descido ao mundo Só para amar o bem! Um dia, a immensa abobada, Azul e resplendente, Toldou-se de repente Ao sopro do tufão! Era o primeiro fremito, Nuncio da tempestade, Que vinha sem piedade Rosa, lançar-te ao chão. Ao ver abrir-se o tumulo Sorrias sem receio, E se a teus olhos veiu Funda expressão de dor, Foi quando a boca tremula Da mãe que te perdia, Á tua enfim se unia, Com mais profundo amor! Então, como ella, pallida, Soltando o extremo alento, Volveste num momento Á gloria perennal! E logo fria, gellida, Sem ter nem cor nem vida, Par'ceste adormecida, No seio maternal! Setembro de 1856.
Género: