CIUMES DO PASSADO

 

      Quando teu rosto adorado,
      Da luz do amor se illumina,
      Resplandecente a meu lado,
      Não sabes por que anuviado
      O meu semblante se inclina?
      Por que um amargo sorriso
      Pelos meus labios deslisa,
      Quando teus labios, Luiza,
      Me proferem anhelantes,
      Tantos protestos de amor!
      É que minh'alma se opprime
      Á lembrança do passado,
      Em que já outro a teu lado
      Escutou essas palavras,
      Que me repetes agora
      Cada vez com mais ardor;
      E que esses mordidos beijos
      Que me perdem de ventura,
      Dados co'a mesma ternura
      Já perderam de desejos
      Neste mundo outro tambem!
      E tu não sabes, querida,
      Os zelos que me devoram,
      Á lembrança que na vida,
      Já quizeste a mais alguem?!

Janeiro de 1851.
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