INCONTROVERSO OPERÁRIO NA CONSTRUÇÃO DO TEU DELEITE

Para ver-te parir inconfundíveis exclamações 
Avanço sobre o relevo que teu mar me abre;
Os ventos mudam as correntes
Mas o teu cheiro nada prosaico banha-me no etéreo perfume
Enquanto teu corpo, dialogando com o desejo,
Amolda-se meticulosamente ao meu.
 
Alimento-me do fogo vermelho da sílfide dos seios intumescidos;
Uma vez sob o teu domínio
Ata-me com o que em ti protubera
Calor que inflama-me à desordem
Fazendo com que todas as leis pregressas quedem-se revogadas.
 
Ante a pressão dos teus lábios desajuizados 
Encharca-me o frisson;
Do romance ao grito histriônico
Do carmim que em mim se espalha
Às unhas que me cravam à carne
Sou incontroverso operário na construção do teu deleite
Teu brinquedo numa cama que se prolonga até aonde tua imaginação avança;
Invado teu labirinto de olhos premeditadamente cerrados
Afinal, sou a dor que precede o teu riso
Sou o lábio que emoldura teu corpo
Sou quem rasga tua roupa
Para admirar-te como ficas mais linda;
O homem que te faz encontrar-te 
Para repetidamente fazer-te perdida.
 
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