HOMO
Autor: Antero de Quental on Tuesday, 1 January 2013
Nenhum de vós ao certo me conhece, Astros do espaço, ramos do arvoredo, Nenhum adivinhou o meu segredo, Nenhum interpretou a minha prece... Ninguem sabe quem sou... e mais, parece Que ha dez mil annos já, neste degredo, Me vê passar o mar, vê-me o rochedo E me contempla a aurora que alvorece... Sou um parto da Terra monstruoso; Do humus primitivo e tenebroso Geração casual, sem pae nem mãe... Mixto infeliz de trevas e de brilho, Sou talvez Satanaz;--talvez um filho Bastardo de Jehová;--talvez ninguem!
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