Sob brisas sussurrantes
Autor: Frederico De Castro on Friday, 2 November 2018
Na fronteira do silêncio esbarrou uma hora
Inconveniente, inoportuna e dependente
Ficou na antecâmara do degredo mais dissidente
Sob brisas sussurrantes a noite pulula numa escuridão
Decadente até ladear uma imensidão de lamentos indivisos
Acobardados nesta minha prece contrita e subserviente
Amortalhados e embebidos num gomo de silêncio
Fenecem dois segundos escrupulosamente
Asfixiados num eco ardendo, ardendo incandescente
Ao longe soam desgarradas canções roendo o
Caruncho das manhãs que chegam sempre iridiscentes
Deglutindo imarcescíveis palavras agora tão coincidentes
A madrugada decresce e apronta-se para o dia
Enrodilhado em obcecados gomos de ilusão surpreendente
Até povoar minha alma com pungentes gargalhadas tão candentes
Por isso faço da poesia minha voz ecoando livre, independente
E não há grilhões que prendam sequer uma destas palavras clarividentes,
Pois dentre os escombros da vida elas ainda e sempre soarão resistentes
FC
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