O ELO
O ELO
Elo é uma palavra tão pequenina, mas com tão grande significado na vida de cada um de nós.
Hoje o ELO que me traz é o ÓRGÃO OFICIAL DOS DEFICIENTES DAS FORÇAS ARMADAS DE PORTUGAL.
Acabo de receber este órgão mensal da comunicação social. Em tempos de crise das notícias em papel, é bom salientar que este jornal já publicou quinhentos números.
Há 44 anos, no dia 23 de Novembro de 1974, realizou-se a primeira manifestação dos Deficientes Militares Portugueses e foi publicada a primeira edição do ELO, distribuído pelas ruas de Lisboa.
Os Deficientes das Forças Armadas, em plena Baixa Pombalina, ocuparam o Palácio da Independência e naquele espaço instalaram a primeira sede nacional da A.D.F.A. (Associação dos Deficientes das Forças Armadas).
Nesta edição, há acima de tudo que louvar o trabalho, a dedicação, a persistência, a resistência, a luta. Sem estas forças não seria possível manter o ELO como um anel de ligação e de compromisso entre os associados e de divulgação das grandes causas por que se batem os muitos Deficientes das Forças Armadas.
O ELO é o garante da voz das duras experiências, dos dramas e das deficiências de todos aqueles que foram vítimas numa guerra para a qual foram involuntariamente, em serviço militar obrigatório.
O ELO é também o caminho para alertar a sociedade civil e política para a inserção social e reparação, tanto quanto possível, dos danos físicos e psicológicos destes Homens com direito uma cidadania plena.
Sabemos, de uma forma geral, que a população tem carinho e respeito pelos Deficientes das Forças Armadas, até porque estes militares são parte integrante da nossa memória colectiva recente.
Sabemos também que não há nada que pague os sacrifícios, o sangue derramado e as feridas incuráveis destes Homens. Muito deste sofrimento estendeu-se a muitas famílias portuguesas e a mais do que uma geração. Apesar de a guerra ultramarina ter acabado, ainda há muitos problemas por resolver.
Portugal não pode esquecer estes militares deficientes e todos aqueles que percorreram os territórios africanos. A Pátria não pode nem deve ser madrasta.
Neste acontecimento, como em outros, as mensagens do poder político foram nulas com a excepção – como sempre - do Presidente da República, Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, cujas palavras transcrevo: “felicito, pois, todos os que contribuíram e contribuem para que este jornal continue a ser um importante elo de ligação entre pessoas portadores de deficiência, em particular no que respeita aos Deficientes das Forças Armada. Faço votos para que o ELO continue a ser parte de uma “cadeia” que se deseja ininterrupta, em prol daqueles que tanto deram ao serviço de Portugal”.
Também é de registar a mensagem do General António Ramalho Eanes, com palavras de estímulo e consideração.
É fundamental estas feridas estarem abertas ao sol, é a única forma de sararem.
Longa vida ao ELO – ÓRGÃO OFICIAL DOS DEFICIENTES DAS FORÇAS ARMADAS, a voz de todos aqueles que continuam a lutar.
António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes
Dezembro/208