Lixo

É lixo!

O papel que embala o sabão que me lava,

Que limpa o meu corpo da minha sujeira;

Embalagem vazia apenas. Inútil…

 

O panfleto da propaganda ordinária da rua

Em cujo verso eu rascunho minha poesia…

Lixo! Puro lixo!

 

A garrafa da água que bebo,

Corpo vazio, usado,

Descartável, desprezível!

Lixo!

 

A sacola do mercado…

Que trouxe minha comida…

Agora carrega meus restos!

Jogo na rua; sem pudor, sem gratidão,

Sem consideração…

 

Que os cachorros a rasguem

E espalhem meus restos!

Pedaços de mim por todo canto…

Como se eu fosse nada senão

Um monte acumulado de lixo.

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