Minha Pandemia
Minha Pandemia
É recheada de horas mortas sem lugar para as enterrar.
Fico à deriva de falar com alguém mesmo que seja numa tela.
Que nem dá para ver direito os olhos!
Visto que eles dançam como estivessem na chuva perco o assunto… entristeço… de saudade!
Quero abraçar os meus filhos, os meus netos.
Quero a viver!
Sinto-me amordaçada, sem hipótese de revoltas.
Amor e não guerras, protestos que marcaram a minha adolescência.
Sem sol na quadra de vôlei. Nem filosofias no boteco.
Na gafieira sem eira e nem beira.
Dançar escandalosamente.
Rir no efeito do álcool.
O marido elogiando.
Sentindo tesão;
A madrugada virou dia.
De chuva fina caindo.
No rosto e refletindo.
Uma alegria sem tamanho.
Seria felicidade?
Talvez! Nunca saberei.
Não consigo enterrar as minhas horas mortas.