Dualismo

Um corpo não subsiste sem alma.
Uma andorinha não cessa a gula
Sem um voo pernicioso e calmo.
Um homem sem fé é um cadáver,
E um cadáver com fé, é a fome colérica.
Eis a suma das criaturas terrenas:
Um eterno dualismo sem razão.
Se beleza há, o feio míngua sua forma;
Dançar nos adágios da causalidade
É o que resta ao homem extenuado,
Porque vida e a morte justaposto bailam.
Sorte e azar procedem o augúrio póstumo.
Enquanto a carne não jazer nas entranhas
Do firmamento, um tango fúnebre tenaz.
Rosas e nuvens um dia apagarão
Os olhos tão acesos para o acaso,
Mas o caixão amará sua ascensão ao céu,
Assim como espinhos e tempestades
Excruciará o inferno na sua descida ao fel.

 

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