Clima frio

O clima de chuva apazígua a tristeza. Ironicamente, já que o céu cinzento transborda melancolia. A frieza da tarde apetece-me a poesia. Sinto as várzeas da rotina exaurindo nos galhos molhados e nas folhagens quebradas. Rasgo um verso e outro, reciclo no coração a sensação mais afável. Todo o lixo vai a um lugar; chamo-o de poema.

Ninguém sai de casa nessa circunstância. A maioria sente-se aprisionada, mas comigo, sinto-me livre. Enquanto nas cobertas eles se aquecem, ando com meus lobos. Uivam ferozmente para o chamado: a contemplação das matas fechadas. Lá tu encontras os versos da natureza. Devoraram meu corpo! Sei por quê. Minha carne é gélida, a alma é fervente, e isto é a poesia.

Meu lugar não é aqui. A chuva deveria banhar os problemas, mas ela os retrai para si. Estou magérrimo, mas o poema grandioso; os lobos voltam para as montanhas, e lá permaneço inocente. Sou o vento que um dia brandou os olhos da tormenta. Nas lívidas nuvens encontras-me.

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