Um bêbado viu sua vida passar aos olhos

Eu destravei todos os meus limites,
Escrevi tudo o que eu conseguia,
Idealizei os amores possíveis,
Embriaguei-me do cálcio da existência,
Acertei mil erros, e no erro, perdi-me.
 
Nem só de vinho sangrei na avenida:
Embora fui nostálgico e bebum,
Nas antigas memórias pueris
Bebia uma inocência tão simples;
Sustentava brinquedos e meus doces.

Dormi e dum dia pro outro envelheci.
Senti dentre meus ossos e no fígado
Um aperto no peito atenazado:
Era a morte, e a sombria morte veio…
Aguardei sua chegada angustiante.

Perpetuei nos goles de lembranças
Resquícios dos desejos genuínos:
Voltar a reles criança mais bonita:
Sem erros, sem os acertos perdidos.
Tardei! Voltei com o molde da vida:
Morte, fria e perpétua dona morte.

 

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