O diálogo do homem e a chuva

Final de semana chegando
vai à exasperação embora,
chega então o frio cortando
o gelo no ar de fora.

Pingo no asfalto solitário,
e pingo de novo; chovo.
Sorte de mim honorário,
beijando a rua do povo.

Olho a chuva decaindo,
quem dera eu ser granizo,
ser mil gotas sumindo,
ser natureza que atino. 

Esse homem que me fita
olha a nudeza da alma,
e vê pela essência amiga
minhas gotas de calma. 

Chuva chora ou sorri?
Queria ser um chuvisco,
não sei se chove ou se ri
a existência que avisto.

Você que me contempla 
não vê a efemeridade,
olha só o que despenca
aos seus olhos da verdade. 

— O frio me fez me perder na chuva… choro.
— A nuvem me pariu para sumir… tédio.   

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