POR NÃO ESPERAR MAIS NADA

Veio a manhã antecipar a hora
Da certeza que, em ti, já pressentia
Pelo que a tua boca não dizia
Mas confirmavas em cada demora.

Crescia a solidão, quando, lá fora
A noite amiga, ainda se estendia
Em disputa de tempo com o dia
Desfasando-lhe o despontar da aurora.

Por fim, sentiu-se a noite tão vencida
E tão fora do tempo que era seu
Que se desfez, cedendo à madrugada
Que chegou, sem saber que era a medida
De um tempo novo, em que serei só eu
A esperá-la... por não esperar mais nada.

Mário Margaride"GIL60"

Género: