O MAR ME CHAMA
Eu vou-me embora! Agora o mar me chama.
Não chores Marina, amorosa dama,
Preciso muito as ondas enfrentar.
Ouço da Iara o canto feiticeiro,
Não me iludas c`o pranto derradeiro,
Não vai adiantar.
O mar me chama, escuto o seu gemido...
Mesmo que eu seja um homem dividido,
Minha áurea sina tenho que seguir;
Este desejo é uma brilhante estrela,
Que me conduz à condição tão bela...
No horizonte sumir.
Eu quero a água espumante e salgada,
Dar adeus à sepultura doirada
Desta praia, onde me deste carinho.
Quero sentir a fresca ventania,
Flutuar no colo da calmaria
Igual um passarinho.
Vejo a longe cintilar o farol,
Como no alvorecer se acende o sol
E no firmamento estende seus rastros.
Deixa-me ser navegante outra vez,
Mesmo que brilhe teu choro na tez
Mais que os noturnos astros.
Eu vou embora velejar risonho,
Chega de despertar após um sonho
Co`a saudade da vaga transparente.
Não serei mais um triste pescador,
Pois lançarei na extensão derredor
Meu sangue qual semente.
Meu velho barco já se agita n`água,
Não me tenhas, suplico, alguma mágoa
A solidão do mar por escolher;
Nada me ancora, já ergui minhas velas!
Desejo os pegos, desejo as procelas...
Nos penedos morrer!
POEMA ESCRITO EM 30/04/2013
Comentários
Lourdes Ramos
Dom, 02/06/2013 - 21:09
Permalink
O MAR ME CHAMA
Esse chamado é algo irresistível... Poema lindo de se ler e sentir.