MANICÔMIO DA POETISA
Autor: Jamila Mafra on Saturday, 5 January 2013
Uma vez alguém me disse Que parece que eu morri E esqueci de me enterrar. Eu sou a poeta viva-morta Ou a morta viva,como quiserem! Eu não tenho um amor,nunca tive, Eu não tenho saúde,nunca tive, Já nasci com o corpo podre Pronto para ser desprezado por ninguém, Pronto para não ser percebido por todo mundo Pois nem mesmo ninguém Teria a caridade de me perceber para depois me desprezar, E lá........ Qualquer um,menos eu, Qualquer um tem um amor,menos eu, Nesses dias vi até um mendigo E uns adolescentes de catorze anos De mãos dadas Com a pessoa amada. Agora estou presa no manicômio Onde habitam doentes incuráveis Com todo tipo de males Vegetando no inconsciente miserável Do desprezo desse verso abominável. Nada me consola, A não ser a esperança De que um dia irei embora Para um lugar que não tem volta. Farta de humilhação Afogada nesse mar de solidão No meu céu não há estrelas, Há apenas rejeição, Eu sempre perdendo quem amo Me sentindo pior que um cão Velho,leproso,pobre e acabado Abandonado na escuridão. E a vontade de manter minha cabeça baixa Por ser sempre chamada de mal-amada Entra em guerra com a luz que me chama do alto Mas que pode cegar meus olhos Com a falsa ilusão do brilho do dia Que sempre termina. Presa nesse manicômio De doentes incuráveis Com o olhar mais triste do mundo Espero a hora da minha viagem. JM JAMILA MAFRA
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