CARLOS MARTINAZZO

Amigo assim, semear eu quero
No infinito de minha memória,
E por toda a existência colher
Esta saudade tão perfumada.

De meu coração no relicário,
Como os eternos fachos do céu,
Sua imagem sempre vai brilhar
Despojando das mágoas os negrumes.

Mais uma vez hei de sorrir quando
Instigar esse lembrar saudoso;
Com ele cavalgar novamente
Nas áureas fímbrias do devaneio.

Nesses abismos da desventura,
Onde debalde tento encontrar-me,
Mais uma vez me inebriar quero
Com o altivo licor d`amizade.

A glória efêmera e singular,
O estro que a brisa da primavera
Nas infelizes almas espalha,
Foi para mim esse pulcro irmão.

Mais um herói que escreveu seu nome
No lábaro roto dos valentes;
Que fez de seus dias sem fulgores
Uma razão a mais para lutar.

Quando vier a noite silente,
Como um pálio a me cobrir a angústia,
Sua luz irei buscar e sôfrego
Nada verei senão o infortúnio.

Se uma voz de fraternal arrimo
Sonhar minh`alma nos tredos cânticos,
Vou procurar em meio à acerba horda
As chamas de seu sublime gládio.

E o que me resta agora é a lembrança;
O que me resta é aquele rumor
Por saber que seu olhar amigo
Dos limos da terra me erigia.

Que contemplar-te as revéis ideias
Era o alento dessa caminhada;
Que quando éramos quais guerreiros,
Nada podia nos derrotar.

Seja ele filho da fl`icidade
Onde sua heroica história urdir;
Que nunca esqueça quem lhe agradece
Pela forma afável d`existir.

POEMA ESCRITO EM 14/11/2009

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Comentários

Lindo e triste também! pois fala da  saudade de alguém!

Abraços!

Muito lindo o poema. Amei