Quando tiro os pés do chão

Como gosto de fechar os olhos e abandonar-me às caricias do sol

e da brisa suave e refrescante

enquanto o baloiço de jardim se balança para diante e para trás

Descalço os pés, levanto-os do chão

Liberto-os dessa prisão e por momentos deixo que o meu ser se sinta voar

Inspiro profundamente a esperança e o espírito de aventura que sentia quando criança

Saboreio um pouco de sonho

Demoro-me nessa lembrança refrescante

Sacio a minha cede de um mundo rosa

Só possível no lado de dentro, quando não tenho os pés presos a este solo

Chão que prende tanta gente a vidas vazias e sem sentido

Nesses momentos em que a imaginação corre solta por vales e colinas

Faço-me de novo humana

Sinto-me mais viva e mais real assim embalada sem mexer um músculo

Mais plena que quando a azáfama dos dias me prende os pés ao chão

Quando a realidade que vivo não é a minha, mas a dos outros que ma impõem

De olhos fechados, vejo o que quero

O que crio

O que dito

A felicidade que corpos vazios, depósitos do vácuo teimam em acorrentar com fatalismos

Mas que eu quero abraçar

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