Quando tiro os pés do chão
Como gosto de fechar os olhos e abandonar-me às caricias do sol
e da brisa suave e refrescante
enquanto o baloiço de jardim se balança para diante e para trás
Descalço os pés, levanto-os do chão
Liberto-os dessa prisão e por momentos deixo que o meu ser se sinta voar
Inspiro profundamente a esperança e o espírito de aventura que sentia quando criança
Saboreio um pouco de sonho
Demoro-me nessa lembrança refrescante
Sacio a minha cede de um mundo rosa
Só possível no lado de dentro, quando não tenho os pés presos a este solo
Chão que prende tanta gente a vidas vazias e sem sentido
Nesses momentos em que a imaginação corre solta por vales e colinas
Faço-me de novo humana
Sinto-me mais viva e mais real assim embalada sem mexer um músculo
Mais plena que quando a azáfama dos dias me prende os pés ao chão
Quando a realidade que vivo não é a minha, mas a dos outros que ma impõem
De olhos fechados, vejo o que quero
O que crio
O que dito
A felicidade que corpos vazios, depósitos do vácuo teimam em acorrentar com fatalismos
Mas que eu quero abraçar
Magna Barradas
Porto