O Abrigo
O Abrigo
No meu corpo mora
o lugar de Eros,
mágico,
o abrigo,
o labirinto dos amantes perdidos.
Cai o véu de seda pura,
sobre a tua nudez ,
os pássaros sobrevoam
no voo apertado,
dentro de mim solta-se a liberdade,
a sede,
o desejo,
o principio desperta
e tudo começa.
A indomável paixão
reside em fúria,
sequioso de tudo,
bebo o olhar
do sol dormente
e ressecada pelo vinho-sangue
que ferve nas artérias,
emerge em mim de ti
a aurora.
O Abrigo em ti deserta,
redemoinhos a todo tempo,
dança a anca sobre
a tua rocha transpirada.
Sou dentro do instante o vapor,
o clarão relampejante,
a tempestade,
a chuva abundante.
No abrigo abrigado
renasço da magia de Eros,
hiberno nos teus cabelos
abraçada pelas tuas raízes,
sobre banhos de ternos beijos
e calmamente me deito no teu
meu Abrigo.
Gila Moreira