Lobo em apuros ou A verdadeira História do Capuchinho Vermelho
Já todos ouviram a história em pequeninos
Do lobo mau, do capuchino vermelho e da avó
Mas e se eu vos dizer meus meninos
O que realmente aconteceu e não só
Apenas sabemos uma versão da história
Que é a contada pela menina do capuchinho
De como ela e a avó tiveram uma grande vitória
Sobre o lobo que muito mauzinho
Só que existe outro lado da história,
E não foi bem assim que aconteceu
Não houve qualquer vitória,
Nem o lobo mau a avozinha comeu
São difamações, conversas de quem tem inveja
Dizia o pai do lobo mau, o meu filho, o Francisco?
Não faz mal a uma galinha nem a qualquer outro petisco
E olhe que e eu bem tento, até o levei à Igreja
Mas ele só quer é andar a brincar
Por esse campo todo a passear
Como se nada mais na vida fosse importante
Andava sempre sozinho, muito distante
Isto até que se tornou amigo
Daquela menina do capuz vermelho
Eu bem o aviso e sempre lhe digo
Olha que ela é enxerida, só quer é meter o bedelho
A avó é aquela senhora que passa o dia
Deitada naquela cama grande e fria
Mas acho não tem qualquer tipo de maleita
Não é a primeira vez que a veja levantada, toda direita
Eu bem lhe disse que aquela amizade
Não iria acabar bem para o seu lado
Mas ele não nunca quis ouvir a verdade
Nem mesmo quando foi escorraçado
Ainda voltou a andar perto da casa delas
Como se enfeitiçado estivesse por elas
Deixou-me até muito intrigado
Nunca tinha visto tal atitude em nenhum lado
Depois aquilo aconteceu, mas ele até estava aqui
Todos confirmaram ser verdade o seu alibi
Está agora para investigar o que realmente se passou
Pois não foi mesmo aquilo que se contou
Parece que até o lenhador, está também comprometido
Foi detido e logo por um juiz ouvido
Dizem que há noutras terras relatos de casos iguais
Falam que foi com a avó, o capuchinho entre outros mais
Onde há fumo há fogo, algo está mal contado
Alguém não diz a verdade, o que diz está aldrabado
Parece uma grande cabala, contra o meu Francisco
Então ele até é vegetariano, não come nem um petisco
Começou logo de seguida este julgamento tremendo
De um lado, o lobo mau e sua chorosa família,
Do outro o capuchinho vermelho e a avó gemendo
Também lá estava o lenhador
As provas eram a cestinha, as pedras e a linha
Que incriminavam o lobo mau, também o lenhador
Poderia ser um grande e triste dissabor
Finalmente percebeu-se que não passava de mais
um grande esquema muito bem montado
Para extorquir da família do lobo mau afinal
Custas e indeminizações por qualquer dano moral
Era um esquema bem mecanizado,
Mas o alibi do lobo fez a diferença
Pois ao ser por todos ali confirmado
Condenou os outros logo e sem fiança
Para que vocês saibam, até mesmo as verdades
Têm sempre pelo menos dois lados
Por isso é que por vezes somos tentados
A julgar sabendo apenas de uma das partes
Há que saber sempre escutar
Ouvir tudo o que os outros têm para falar
Depois tirarmos as nossas conclusões
Sem nos deixarmos levar pelas emoções