Poema da página em branco

* * * *

Fito desolado o papel em branco...
Sem nada para ver,
Sem nada para sentir…

É duro querer escrever
E a palavra recusar-se a sair!...

Em abono da verdade,
Até a caneta parece estar sem vontade
De acorrer ao apelo do papel.

O cérebro não está cá
E todos os meus sentidos
Estão como que entorpecidos.

A boca áspera sabe a fel
E as pernas estão dormentes,
De tanto esperarem nada.

Até a música me deixa indiferente
Nesta tarde gentia,
Danada
De fria!

Nestes dias assim
(Em que não consigo dar
O melhor de mim),
Prefiro não teimar,
Desistindo antes de começar.

Coloco de lado o papel,
Pois até um poeta
Tem os seus dias em branco
E, como se fosse um atleta,
Sofre duro na pele
As angústias do desencanto.

- Vai descansar,
Gloriosa página em branco!...
Amanhã, o persistente poeta,
Voltará com a sua caneta
Para te pintar!

17.01.2007, Henricabilio

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Comentários

p/ Abilio, não vamos deixar em branco, o papel espera pelo poeta.

A caneta não se aquieta! não sei se a palavra é certa!

Abraços!

Todos temos dias assim; muitos os tentamos passar para a página em branco; poucos o conseguimos; raros tão bem !