Delírios
Um fera mitológica
salta da roda do tempo
e abocanha, feroz,
os teus desejos.
É urgente a
fome por corpos
que brilha em seus olhos
e tu, cordeiro de Atenas,
é entregue ao Monstro de Delos.
Está consumada
a morte da inocência
e calcinados estão
os campos de alfazema
que perfumavam
o lirismo do Mundo
e se perderam
entre os tubarões
que habitam os Cassinos
em Las Vegas de A. Carlos.
Sim, lá abundam
o ouro, as moças que se dão
e que tem seios enormes,
o leite e o mel,
pois assim disse Antonio C.,
o pequeno bacharel
e títere sem cordel.
As cegas inexatas de Vinicius
são meninas que já sonharam
e agora vagam na escuridão
de Hiroshima de São João.
Eis-te homem! Est omni!
dono da Bomba e Senhor da Morte
a cumprir o Apocalipse de Patmos.
Os sinos de Quasímodo
não mais celebram
Esmeralda gitana,
pois a Negra Peste
assolou o Mundo de meu Deus.
Tarântulas Tarantinas
explodem sangue em TVGames
e os delírios da Ayuascha só
contam os pesadelos.
Vasto mundo de drumondiana vastidão,
abre-te Césamo em covas poucas
para os anchos lavradores cabralinos
que são escravos castrinos.
Leve-me branco que me acolhe
ao refúgio do Poema
e lá abrigue essa minha fernandiana
alma pequena.
Solenes cerimônias de diplomas,
pelerines e fardão acolham as Poesias.
São sobreviventes fantasias.
Rio dos Janeiros, dê-me a essência
que perco aos poucos
e me devolva a sensatez dos loucos.
Leve-me, azul que escreve,
por esse mar de incertezas,
por essa via de rudezas
e concede-me a Graça
de ter o Canto ouvido.
E a ilusão de ter existido.
Arcanjo dos delírios
sinto-te chegando entre o lodo
que escorre das sujas paredes.
É o Dói (dodói) Codi, é o Cenimar
e o Conde de Ultramar.
O escuro do capuz fede
e me impede de ver o Inferno
em que vivem os capachos
dessa noite sem fim.
Há fúria na noite
que penetra
teu corpo branco.
E ainda assim
eu te peço
que morra em paz.
Para Bete.