Eu
EU
Dou-me ao abandono da escrita,
onde o não existir do papel esgota
as forças internas de mim.
Poetizar é viver dentro da vida,
é renascer,
é vasculhar o interno das entranhas
do fundo dos fundos.
Ler-me não é somente sentir,
é ver-me em palavras acalentadas
na chama da inexistência,
é magia das magias onde
eu sou o coelho e o poema a cartola.
Caldear todas as sílabas,
adjectivar o belo,
personificar o impossível,
caligrafar o mundo,
é missão do poeta.
Nada do que escrevo é lúcido,
nada é imaginário,
é tudo sentido,
é tudo amado.
São letras que vagueiam no meu pensar,
Tilintando a cada milésimo de segundo e,
em solicito de Clemência da linguagem escrita,
são expulsas nas pontas finas
dos meus dedos.
Mais um e mais outro poema,
exigências que eu não controlo.
Escrevo para ti, para todos e
para ninguém,
são estados de sentir que me afugentam.
Canto, rezo, prego, contemplo, choro,
tenho saudade, faço amor,
ignoro, existo, morro, nasço vezes sem conta,
movimento o paralisado, critico e
embelezo o nada,
tudo em sentimentos providos
em ortografia de mim.
Dentro do universo crio o poema,
a minha casa sem porta.
Gila Moreira
Comentários
Henricabilio
2ª, 11/11/2013 - 19:00
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Eis como da Poesia se origina
Eis como da Poesia se origina Vida
- e por certo cada um dos que escreve,
se revê nessa forma de estar.
1 abraç0o!
_Abilio Henriques.
Gila Moreira
2ª, 11/11/2013 - 20:54
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Obrigada pelo seu comentário.
Obrigada pelo seu comentário. Um abraço