ESPIRITO DE UM HOMEN SÓ

ESPIRITO DE UM HOMEM SÓ

Homem só que pareces uma ilha neste universo
Não isoles essa alma triste no meio da multidão
Deixa-me levar-te nas letras deste meu verso
Segue-me e viaja seguro na minha mão.

Companheiro aqui estou, aqui estou para te ajudar
Pousa o fardo da saudade, suaviza o trilho do teu penar
E mesmo que esteja frio, parecendo que quer nevar
Junta-te ao lume comigo e agasalha-te no meu gibão
Fala-me de ti meu bom amigo, que eu também sei escutar.

E mesmo essa indefinível nostalgia
Que persiste, de saudade de quem já soube amar
Escuta e dança esta música de alegria
Ri e sepulta, as recordações no meio do mar
Neptuno irá afunda-las numa esteira de espuma
Aberta com o seu carro, em noite de vendaval e trovoada
E se não ficaram todas, se por acaso submergir alguma
Os pássaros do mar irão saudá-la em revoada
Levando nas suas asas brancas, para parte incerta
Essas recordações que choram, quando o coração aperta

Alma gémea, que em vidas continuadas por mim cruzaste
Interrompe a tua prece, entrecortada de suspiros e solidão
Fala-me de ti irmão, com a voz de glória que já usaste
A voz, daqueles dias de concórdia, gerado em mil temas e paixão
Que tinha por cenário a planura estrelada em noites passadas ao relento
Onde tranquilo e feliz observava, todos os símbolos do firmamento.

Homem só, quem chora por ver os outros chorar
Fortalecendo a raiz da piedade com as lágrimas desse pranto
Salpica a sombra do pecado que por ti tenta passar
Nesse olhar fascinante, já mora uma luz de santo.

E se o teu espírito purificado já não reencarnar
Peço-te que veles por mim, por entre os trilhos do pó
Darás luz ao meu caminho e estendes-me a tua mão
Nos dias em que o sol não brilha e um homem se sente só.

João Murty

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