A chuva, eu e a escuridão.

Lá fora a chuva cai, e cá dentro?
A escuridão faz dela a música mais sombria.
E ela cai.

Ela cai sem parar, procura fugir da sua assombração.
A noite envolve-a numa nebulosidade intensa que a deixa sem ver.
Eu deixo de a ver também, mas sinto-a.

Ela bate apressadamente contra a janela.
Entra dentro de mim de um modo arrepiante, exuberante e assustador.
Persegue-me as veias, o sangue o corpo e a mente.
E depois cai.

Ela cai juntamente com as minhas palavras.
Ela cai juntamente com os meus medos.
Ela cai juntamente comigo.

Ambas caímos na obscuridade, vezes e vezes sem fim.
A escuridão é a nossa luz, o nosso caminho, a nossa casa.
É aqui que vivemos e deixamos de viver.
É aqui que nascemos, renascemos e morremos.
É aqui que nos encontramos e nos perdemos.
É aqui que caímos.
É aqui, na escuridão, na negridão. É aqui as trevas.

E caímos. Caímos lentamente por todos os lugares.
A chuva cai. Eu caiu. E ambas fugimos.
De quê? Não sei, por isso caímos.

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Comentários

Cara Inês.

Outro belo poema, gostei escreve com muito sentimento.

Cumprimentos