O Último de Nós
Ainda que teus braços me afagassem
E no clamor da valsa me afogasse
No lago que em teus olhos habita
Sabíamos que da janela se avistava
Uma tempestade que já se espreitava
Na ferida onde a guerra grita.
Ainda me pergunto por que partiu
Onde foste quando o céu era anil
Quando o canto das andorinhas ecoou
Na calada da noite a brisa beija
A folha do álamo que se esgueira
Na porta em que bateu e não voltou
Nas paredes descascadas do tempo
Sangro fel no monólogo com o vento
Que ocupou a falta que me fazes
Dias passam e ao descer as escadas
Avisto-te pelas calçadas de mãos dadas
Com a felicidade fazendo as pazes.
De tudo resta um pouco
Um pouco do tudo, do nada e do próprio pouco
Que jurava de tudo já ter visto
Por ser nada o tudo já se encerra
Descanso-me aliviado desta guerra
Porém, se tiver outra, te aviso.