ALUCINAÇÃO

ALUCINAÇÃO

Estou só, inconsolável, neste desejo ardente de devoção
Fechado, silenciado num tempo que passa sem ter hora
Numa transe de conflito, entre a verdade e a alucinação
Sinto no peito o ardor que ateia um fogo que me devora.

Lentamente vai ardendo, num desejo louco de me consumir
Minhas mãos são chaga viva que se esforçam por se mover
Afugentando esta alucinação, onde o presente não consegue fugir
De um passado enlouquecido, que a memória teima em trazer.

Transpiro, gerando personagens distorcidas numa visão paralela
Nesta alucinação de figuras caídas, que deslizam e vão embora
Levadas nas águas dos meus olhos que em cascata caem fora.

Ardente numa última prece, olho por dentro da frincha da janela
Esperando que uma estrela arda num ocaso, num sinal resplandecente
Que suavize o sofrimento, perpetuado nesta alucinação incandescente.

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Comentários

Obrigado NEREIDE pela gentileza das suas palavras.

Um beijinho para si e que a nossa amizde perpetuo por longos anos.

João Murty

Se for só soneto, eu entendo, mas se for algo pessoal também entendo...

Algo parecido com o que estou vivendo!

Belas palavras!

Belo soneto!

Feliz Festas!

Um beijinho para si.

João Murty

Às vezes o tempo voa e não para, outras, parece que chega e não parte, permanecendo omnipresente, algures perdido nas memórias onde o passado não existe e o futuro não acontece.

Há poucos dias expus um poema “Alquimia do Tempo”, não um grito de alma e muito menos de revolta, apenas a consagração da serenidade própria da impotência exprimida de forma simples e sentida.

Não consigo dar tempo ao tempo, nem apagar as memórias alterando o curso dos acontecimentos. Fica o tempo, que esvoaça na indiferença da sua passagem. Uma mão cheia de nada, o olhar, o sorriso e as coisas boas da vida.

Um beijinho

João Murty