Rosa fria- I
Autor: fernanda r. mesquita on Monday, 8 January 2018
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Mnemónica de Abraão em Canaã aventada,
Troveja a selva urbana embravecida.
Torvelinho, Betel. Enfim, a vida
Impele, propulsiona. Desterrada.
Clade d'Avalon(1), ruína, qual errata
À vista? E, só, em deserto amanhecida.
Ressurge-me no espaço-tempo a Vida
De mim, a Melusina mais abstracta.
Palingenesia embraia sob tais ventos,
Qual fiorde em tessituras desumanas
E laudativamente nos(2) reinvento
O que aprendemos com o tempo?
Que nem tudo é pra já;
Que não vamos morrer
Se não tivermos agora.
O que o tempo quer da gente?
Apenas paciência,
Porque quanto mais desesperados,
Mais o tempo demora a passar.
-
Estrelas se apagam, sinfonias se terminam
Mares se acalmam e seus peixes adormecem
Além do horizonte muitos dias se anoitecem
Enquanto deste lado muitas horas se atrasam
Tantas luzes se apagam, tantas almas adormecem
Tantos sonhos se despertam tantas formas que se quebram
Tantos dedos que apontam tantas vozes que se calam
Tantas promessas proferidas e memórias que esquecem
Dois olhares penetrantes, turvados!
Duas bocas ardentes de desejo!...
Ímpeto irresistível, forçado.
<Momento> lindo! O brotar de um beijo!
Esperado, desejado Momento!
Único, sublime! Quase perfeito!
Vibrante anunciar dum sentimento, t
Que põe na pele o rubro do deleite!
Que doce sensação! Tão benfazeja!
É breve. Rápido se esvaece.
Mas ficará p'ra sempre em cada peito!
Se pudesse dar matéria ao <Momento>,
Nesta terra em que pisa e repousa,
Saudade alguma jazerá dentro de teus olhos.
Aqui, passado e futuro são cautelosos
Dentro da morada da presente moça.
Tua solidão guiou-te até aqui.
Nem maiores e nem menores serão as dores
Quando tua alma viver o que já vivi.
Vamos. Apoie teus ouvidos nos arredores
Dos obeliscos que sustentam a alvorada.
Hoje vou conservar o gelo com o calor do sol,
cultivar a solidão da multidão para a multidão,
polemizar Godard com o inventivo Godard
hoje vou desconsertar Foucault pelo próprio.
Hoje vou elogiar a lamúria, com lamúria,
metáforas com a expressão maior da figura.
Hoje vou sentir o amargor do puro mel,
gritar em silêncio o clamor de uma sociedade.
Hoje vou contar as lágrimas vindouras,...
Quero a candura e a disciplina, fora da piscina
em piscinal competição, o maior competir é a vida.
Deixa em meu leito teu corpo cansado
Das horas aprazíveis que vivemos
Na ilha de lençóis, que desfizemos
Por amor, com raiz de aço forjado.
És lua, és luar, se às escondidas
Despes o manto que te cobre o corpo,
És o sol, se descobres o teu rosto,
És mulher e possuis toque de Midas.
Se me tocas, por certo não sou oiro.
Posso ser tudo aquilo que quiseres,
Escolhi-te entre todas as mulheres,
Aos meus olhos és mais do que tesoiro.
Tocas-me e como abelha beija a flor,
Transformas desafecto em puro amor.