À VOLTA DA FOGUEIRA

Os pés molhados pedem lume forte.
Na fogueira nostálgica, memórias
Despertam para a vida, com vitórias,
Com derrotas e sempre alguma sorte.

Quando inverna e aperta o vento norte,
A chuva e o frio, abrem as oratórias...
À volta do "borralho", ouvem-se histórias
Que a palavra é feliz como consorte.

O lume é tantas vezes ternurento...
Dócil como mulher apaixonada,
Que não deixa que o seu fogo arrefeça.

À fogueira ninguém solta um lamento,
Mesmo quando vem “velha” desvairada
Pousando docemente na cabeça.

* * *

Glossário das gírias populares portuguesas:
"borralho" - cinza ou brasido ainda quente.
"velha" - o mesmo que faúlha ou fagulha.

18.01.2009, Henricabilio

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Comentários



Em geral gosto das várias formas de expressão poética. Não obstante, o soneto  é uma das formas que mais aprecio.

Obrigado, gostei muito "do calor" do soneto.

Um braço

João Murty

 

Que calor! Muito bom!

Gostei!

Boas Festas!