Sismos de silêncio
O Amor é inquietude do silêncio
em pleno voo que diz: não adormeças nunca,
sou o Tempo Puro,
a certeza das moléculas de fogo vermelho
que correm mais dentro que o sangue.
Todos os meandros do fogo com seus
sismos de silêncio ensinam a florir,
até os dedos de água que passam no vácuo
banham – se no fogo.
Hoje Amor,
digo - te que a paixão são ondas efémeras,
sísmicas do silêncio,
que o Amor semeia.
Parto para outro sol,
onde os meus lábios plantam a voz do fogo
Clamando, no coração do deserto, pelo fim da sede.
Ata as mãos no meu seio e sente,
sente Amor o fluxo da carícia como o perigo
que corre como lágrimas para a fonte.
Leva-nos longe,
não temos aqui morada permanente.
Meus lobos primitivos uivam,
por caminhos íngremes que abre feridas,
e na flutuação do silêncio o Amor
lambe as feridas da indomável exaltação.
Amamos como feras,
sofremos no texto,
e inventamos o vento que começa o diálogo,
Assim Amor,
esgotamos as línguas,
as literaturas,
e as escritas que tecem o Sismo do silêncio.
Gila Moreira 10/02/2014