O Milagre tarda
Ouve-se a harpa intocável da poesia Outonal
inclinada para o nada,
tenho saudades de nós,
da nossa primavera naquele banco distante.
Meus pássaros batem as asas
contra O milagre que tarda,
precisam dos teus ombros para repousar,
há tanto dentro para viver
e os meus pássaros teimam morder as cordas,
as fibras e os nervos toda a hora.
Dois corações famintos morrem
quentes de ausência de novas flores,
os meus dedos que te tocam,
desfazem o meu nome inclinado
que flutua no ventre do vazio do silêncio.
Canto e perco a navegação do sangue,
meus pássaros ouvem e enlouquecem ,
ou somente não sabem bater asas.
O milagre tarda, mas não falha,
nesta lacrimosa gramática
começa o fim da linguagem
de quem somos e seremos.
Gila Moreira 01/04/2014 - poema inspirado na imagem acima