Vinho de sangue

Dai-nos o tecido veludo nos olhos
Um momento a mais para por salivas
Com gosto vulgar na borda do cálice,
É como comparar uma prostituta a uma bebida má
Quando o vermelho escapa.

Ter no fundo do quarto escuro o mergulho dum livro
Que não diz fim nem começo.
A cópula sagrada
O redemoinho e o vento
Passagens estreitas a mundos distintos
Ver o gozo o gesto metido na atitude do ser mais velho.
Quando fazemos o que não está no escripte
É porque uma sombra do futuro
Invadiu a vida da alma pesada

A beleza confere a estranheza de algo não bem-vindo
No lembrar de centeios absolutos
Dos goles desesperados
Dum filho choroso nos seios da mãe do vício
Num sei lá duma tranqüilidade de campo

Viraremos as páginas deste dia feito de papel noite
Tão bela que mata com um bonito simples perfume
De encanto com pedaço morte
Da roupa que veste pele

Áureas abertas à lâmina fina e quente
Nos versos deletérios.

Queremos um lenço macio e limpo
Em faces nossas tentando um sudário da prova
Antes dos germens famintos lutando na carne
Exilada na terra compulsiva

Lembramos da vez que tentamos ver o que há depois da aurora
Com berros de leites de bezerros pastoris

As oliveiras e os jardins
Meras fantasias musicais

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