Desculpa mãe

Desculpa por todas as noites mal passadas.

Preocupada com as minhas passadas.

Mal dadas, que levaram a minha rendição.

Eu hoje falo do coração, mesmo que tu penses que não.

Eu vejo nos teus olhos a desilusão,

Tudo o que pedias era para ser diferente do meu irmão.

Peco perdão, nunca nada me faltou.

A educação sempre superou.

Não te culpes, foi o meu coração que quebrou.

Eu fecho os olhos, juro que eu queria mudar.

Mas sempre que me afasto, algo vem para me fazer voltar.

E eu cedo, a vida é difícil para aguentar.

Desculpa mãe, por não ser aquilo que pintaste.

Tantas vezes já choraste.

E chegaste a implorar para regressar ao que eu era

Mas o que eu era não volta mais, mas quem me dera.



Desculpa mãe, eu lamento.

Juro que não aguento,

viver neste tormento,

magoar-te a todo o momento.

Acredita, eu lamento.



Estou numa esfera, ciclo rotativo, preciso da tua ajuda, faz-me um curativo.

Da-me um sedativo e promete que vais manter o meu coração bem vivo.

Desculpa mãe, eu admito que já errei mais do que previsto.

Eu queria lutar, mas hoje desisto.

Eu queria, talvez devia, insistir mas não insisto.

Peco desculpa por te ter colocado nisto.

Desculpa mãe por todo o choro provocado,

Desculpa por não ter dado nada, quando devia ter-te amado.

Agora que penso ambas erramos,

Quando gritamos e nos insultamos,

E no meio da dor, nos revoltamos.

Causamos danos internos que nunca passam.

Mas que amassam a nossa alma.

E despedaçam o pedaço que ainda nos falta.

Mas tem calma, acredita na tua filha,

Se pudesse curava toda a tua ferida,

Se precisasses dava por ti a minha vida.



Desculpa mãe, eu lamento.

Juro que não aguento,

viver neste tormento,

magoar-te a todo o momento.

Acredita, eu lamento.



Desculpa mãe, eu sei que me perdi, não de ti, mas de mim.

Tudo o que eu queria era estar aí, ao pé de ti para te ver sorrir.

Para te ver feliz.

Acredita que hoje não fazia metade do que já fiz.

Mas o que esta feito esta feito, não posso voltar atras.

E por mais que o tempo passo eu gostava de ser capaz.

Gostava de roubar o mundo e dar-te paz.

Um dia vou crescer, apresentar-te o meu rapaz.

Vou dar-te o neto que nunca tiveste, cobrir os danos que com a vida fizeste.

Não posso prometer.

Tenho medo de dizer,

Te mentir, magoar e depois perder.

Eu hoje não vou gritar.

Eu vou-te abraçar.

E tu vais estranhar e duvidar,

Já tens noção que só te procuro para o vicio alimentar.

Mas hoje não,

Nem nunca mais.

Peço perdão.

Por favor não vás.



Desculpa mãe, eu lamento.

Juro que não aguento,

viver neste tormento,

magoar-te a todo o momento.

Acredita, eu lamento.