No meu velho quarto
Autor: Miguel António ... on Wednesday, 1 February 2017No meu velho quarto as minhas mãos foram olhos, assaltaram o mundo quando tocaram a tua pele pela primeira vez.
No meu velho quarto as minhas mãos foram olhos, assaltaram o mundo quando tocaram a tua pele pela primeira vez.
sou daqueles que reprimem os impulsos que ecoam o silêncio malvado.
os cardos que no meu torso estampei pelos socalcos de dolorosas vocações.
as presunçosas adversidades dum homem emergindo das suas convicções
transporto na bagagem os esboços das ideias e as fraudes dos modelos que inspirei.
as palavras foram vívidas no meio das agruras que a cárie sublinhou.
O Sucesso tem preço
Cito um caso específico, cujo valor para se alcançar o sucesso custa 900.000,00 (Novecentos mil reais). Achou caro? Pois é o preço cobrado por algumas editoras para tornar alguém um escritor Best-seller. Mesmo que seja a maior porcaria que você escreva, a sua porcaria escrita em forma de livro pode ser vendida no mundo todo. Como?
a jornada começa num lugarejo que acolhe no seu ventre um menino perturbado.
pelas narinas da sua solidão vaguearam excentricidades.
a lua parece um trompete quando ele concebe um jardim e o atira para o centro do mundo.
os bêbados inspiram-no quando introduzem cervejas no arquejo do sofrimento.
as suas lições são ministradas nos redondéis quando a instrução o pretende encegueirar.
formalizei tópicos em lugares onde capturei o verbo amar; agora robusteço no império da erudição versos subliminares.
reinvento as gravuras genuínas que ilustram os adágios tradicionais.
transferi o desafeto para poemas que transpuseram as ranhuras do saber.
encontrei os fundamentos das combustões que lavram pelos itinerários da humanidade.
o homem resumiu deus a um mero produtor de afagos mundanos.
morei dentro de cantigas que difundiam gemidos existenciais.
o balcão manchado por aqueles que flutuam à volta do redondel existencial.
a razão busca o lugar severo donde possa afugentar os inimigos.
o aniquilamento da fé nos patamares álgidos onde se consolida a individualidade.
a hipocrisia é a maneira vulgaríssima de transverter a realidade.
quando a urdidura convoca as querelas e as dispõe sobre uma bandeja lacrimal.
Era
Era eu o quase perfeito na cama
Era ela quem se deliciava com isso
Era eu quem mais gemia
Era ela quem mais gritava
Era sempre com pouca luz
Era quase sempre depois do jantar
Era às vezes debaixo do chuveiro
Era até dentro do carro estacionado
Era muito sexo
Era, até rolar uma traição, aí já era
Era
Charles Silva
Mensagem subliminar
É quando você entra num elevador cheio de gente, e de repente ouvi-se um barulho: "Puuurrrrrr."