Nos cuidados intesivos
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 1 February 2017
Deixei na soleira do silêncio
um sopro de dor em letargia
Enquanto a noite corria apressada
tão fugidia
Somente ali existia o vacilar
dos teus prantos batendo nas
vidraças do tempo
amiúde aconchegando o pacto de todas
as nossas felizes e ternas atitudes
entregues aos cuidados intesivos
da alma incógnita bailando nesta
minha imensa quietude
Em epígrafe te deixo meus versos
revestidos de amor
subsistindo ao tempo
deixando no asilo da vida o
mesmo sonho ecoando
no colossal adeus burilado e
incubado neste quase obsceno silêncio
Morre o dia numa tristeza tão copiosa
A madrugada que se foi, regenera-se
tão minuciosa
sorvendo o perfume que teu ser
rouba de rompante a uma palavra
que reescrevo, astuciosa
Suplanto todas as tristezas
sem mais lacunas ou inigmas
bebendo na esfinge do tempo
o oculto sibilar dos teus beijos
conjecturando na leda madrugada
que esquadrinho a preceito
Mergulho no tempo nómada e sedento
à procura da autoria dos teus abraços
suprindo o desejo manifesto em
cada súplica mais ciosa que amordaço
…envernizando o tilintar da vida arfando
no recanto dos cuidados intensivos
onde acontecemos, simultâneamente
espalhafatosos, famintos, coagulando
o amor atado ao uterino momento
que nos foge inexoravelmente
FC
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