destapo os mistérios que a minha lucidez respira quando perfilho atitudes sensatas: quando permaneço firme no núcleo da monotonia enquanto as minhas reflexões constroem um palácio esmerado onde habita a literatura.

renego a vida quando os seus despautérios atingem o auge da indignidade: os seus persistentes calafrios e as suas brigas desapiedadas; as suas metamorfoses emocionais e os seus abundantes dilemas.

recuso as baixezas do dia-a-dia porque o meu vigor não reside nos artifícios usuais da humana condição (quero transverter esta ideia para uma máxima lucrativa que exorte a penumbra ascética que me convém).

"Mundo de tantos barulhos,

Que conflitam emoções,

remonto uma serrania escarpada onde me isolo das celeumas mundanas; onde regurgito as minhas mágoas e as minhas frustrações; onde lego ao mundo os testemunhos da minha ulterior alegria.

passa janeiro  passa fevereiro

nos vagões de um trem costumeiro

que não carrega ninguém

e o que virá depois do dia primeiro

será apenas outro dia a mais

a cumprir o mesmo roteiro

consumindo todo o tempo

nos trilhos de um estranho destino

que jamais se conheceu...