Somos O Cardápio!

Somos o cardápio:
Temos um preço básico.
Temos um expediente sem artifícios
E todos juram que devemos ele 
Somente ao nosso esforço. 
 
Nos nossos dias
Andamos conversando tão pouco
Sobre as coisas úteis...
Sobre o nosso futuro...
Sobre o amor.
Já que somos o cardápio
Devemos enxergar por cima desse muro sádico
Já que nos servem diariamente
Num ritmo estridente e prático.
 

Essa Poesia Morreu De Overdose.

Seringas no chão 
Saúde no ralo... 
Farmacêuticos viciados
Em Morfina. 
Fábricas de solda
Fazem barulho. 
O clube da cefaleia
Vomita cápsulas de aspirina.
O gravata e suas faces...
A cidade, o caos
E a solidão da vida. 
O caminhão cheio de entulhos...
O frenético tecido
Dos braços cromossômicos...
O fim sem saída...
Cocaína e anabolizantes. 
Na esquina, um assassinato.

Solidariedade

Ser solidário
é ter constantemente
um compromisso com o amor e com a fé,
sabendo que podemos todos juntos
cortar a meta no fim desta já longa jornada.
Todos subindo ao pódio da vida,
comemorando sim o prazer de estarmos vivos.
Afinal para que o mundo se faça todo harmonia
sem caridade nem mais desconsolo
apenas tão só precisamos sentir já hoje
a plena serenidade docemente sonhada
na fulgura da imensa esperança abençoada
FC

ESSE AMOR

esse amor, que um dia se julgou meu
não foi mais do que o sonho de uma noite
alguém que por entre a bruma desapareceu
carregando muita desenvoltura e afoite

 

implorando por atenção na vida me apareceu
envolto no mistério da sua capa de paixão
atacou quando a noite em mim escureceu
partiu antes do dia amanhecer, deixando a ilusão

 

Quietude

Quietude
 
Bebendo na quietude 
das cachoeiras celestiais
vou por aí ousando e calcorreando
as planícies
deste imenso céu
assombrado pela longitude arquitectónica
das palavras espúrias 
nunca ditas,
e sempre
quantas vezes quero
que reflitas
no perfil severo deste verso
previsto no meu estado de ansiedade
às vezes por mim abandonado
ao reverso da rima mais temperamental

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