DOS MARES REVOLTOS E O QUE LHES PODE REVOLTAR

Advenha teu perfume como chuvas sobre o mar
Cada pétala de vida sustentada em forma vil
Com a vida dessa terra que tão grata lhe pariu
E lhe encara com a ternura de quem pode lhe amar

Sobreponha à tua essência toda a tua intenção
E lhe talhe com formigas o que dá o ar da graça
E então vaze o teu sangue enfeitando toda a praça
E que se volte à nobre terra o que lhe bate o coração

NADA O QUE DIZER, APENAS NADA O QUE DIZER

Nada o que dizer, apenas nada o que dizer
Sem fronteiras, sem legados, sem vontade e sem tortura
Sem desejos por cumprir, sem carinho e sem ternura
Nada o que dizer, apenas nada o que dizer

Na verdade o dia passa no acalento do seguro
E o que um dia fora claro ora nos deixa no escuro
Todo o chão que era muito ora é perto e tão distante
Tudo que fora odiado ora é o teu melhor amante

Sinto que sou

Sinto que sou
o que sinto ser.
Um pássaro que não voou;
Um amanhã que não chegou a amanhecer.

Sinto que estou em falta,
desconhecendo-o.

Sou nada, tudo o que não queria ser,
[sou] uma miragem arrastada
prepositada a me fazer ver.

(...)

Eu vejo os outros,
que ainda têm menos que eu
e lamúrios tão poucos!
(A força que Deus lhes deu)

reparei agora na felicidade

Reparei agora
algo existe
para além de ti
para além do teu ser
cadáveres moribundos
danças ofegantes
rituais
procura
choro
desmaio
loucura
será que existes
ou é pura imaginação
talvez um dia
reencontro com a lua
vontade de amar
sim
não
abstracção
em frente
uma só finalidade
Felicidade.

Desejo da ilusão

 

Desejo da ilusão

Vou te contar uma historinha
Você me diz que se sente vazia
Me da um sorriso
Mente sobre seu sumiço

Não há motivo para alarmar
Esta calma
Como a chuva no ar
Me olhando sem piscar

Te pergunto
O que você quer?
Você responder
Quero ser mulher

Até o quarto nós vamos
nos amamos
Enrolamos
Só por enquanto

Mas oque importa é o dia seguinte
Ver seu rosto na luz
E saber que pra sempre
Você é minha... me seduz

Mingau

Mingau

Que tal algo mais superficial
Uma dança
Um luau
Algo simples que nem mingau
Até me deu fome, uau

Tipo só eu e você
Pele na pele
E o desejo? Cadê?
Ta ali
Ali no bosque atrás de você

Um meio sorriso
bem bonitinho
Fofinho de se dizer
Só pelo prazer
Quero beijar, lhe ter

Depois vamos comer sushi?
No shopping bem ali
De la pra casa
Dormir na estrada
Embaixo da geada...que nada

QUANDO MORDI AQUELA MAÇÃ

Quando mordi aquela maçã
Vermelha e fresca, fresca e vermelha
Com seu aroma me embriaguei;
Banhei-me c`os raios da manhã
Doirados qual o corpo da abelha,
Que me contornando divisei.

Senti dos riachos a fragrância,
Das flores a suave textura
Em minha boca a se desmanchar.
Abri aquele riso de infância
Ante à sua rubra formosura
Às nuvens da tarde similar.

Os Profetas

O Santo na pedra cristaliza um sonho de bondade
e a arte de Aleijadinho lhe permite a vida eterna.
Barrocos olhares miram o infinito
e as faces de anjos e de demônios
perpetuam em frios granitos
os homens e seus gritos.

O eco dos carrilhões
espalha a falsa santidade,
mas o ouro dos altares
não oculta o cesto de pesares.

As ladeiras carreiam os martírios
e nas Inconfidências vagam os delírios.
Impávidos, os Profetas a tudo assistem
e recusam o milagre rogado.
Somos o Passado.

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