Pingaram em mim a morte

A dor escreve calmas letras no peito que não pertence mais a mim,
Definha como broto que não vinga
Ou como tempos de veraneios que perdem-se
Por culpa dum olhar caído.

Mesmo as sobras alguém quer para lembrar,
Sei o que é a morte a cada segundo,
Quando respiro relembro das datas escondidas,
Só secou o meu espírito
E minha alma é sacrificada nesta mal vinda noite.

GRÃOS

GRÃOS

 

Grãos de areia que se vão e que são vãos

O vento que sopra ao acaso e balança os cabelos

A onda que compõe canções com pausas eternas

Os pássaros que rodopiam e bicam a praia deserta

Os ônibus que passam ao longe, sempre em frente

A contramão que se anuncia e avança

A reta que surge e cancela as curvas

As dores que se vão porque há algo maior

A beleza que se opõe ao belo imposto

O artifício que conduz ao natural, mais alto que tudo

O olhar desprovido de “antes” e “depois”

A Gota de água e a Lágrima

A Gota de água e a Lágrima

O dia era negro, chuvoso e tristonho.

As lágrimas caíam sem parar naquele rosto enrugado da vida árdua da terra, que escondia o olhar fixo e moldado numa pequena janela vidrada amparada com pedras sobrepostas sem qualquer modelo de arquitectura.

Pela vidraça da janela caminhavam minúsculas gotas de água, inofensivas, brilhantes e não desiguais ás lágrimas que queimavam e mutilavam a pele, a alma e o fraco coração   envelhecido pela idade daquele rosto maltratado e enxovalhado pela vida.

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