Como

 

Livre

Ando, pulo e canto

Sempre

Nasço, vivo e morro

Respiro

Ar, gás e água

E como

Folha, flor e fruto

Quero

Ter, ser e estar

Preciso

Querer, gostar e amar

Invento

O dia, a noite e o mundo

Vivo

Onde, quando e como

Posso.

Rodrigo Dias

(in: “Expressões Impressas & Impressões Expressas”; Usina de Letras, Rio de Janeiro, 2009)

GOSTO DE TI ASSIM...

 

Gosto de ti assim
Calada, ausente
Me ouvindo de longe
Em silêncio…
Teus olhos cerrados
Vêem-me
E tua boca ansiosa
Se fecha num beijo.

Emerges do silêncio
Com alma
Libelinha de sonho
Meu amor…
Gosto de ti assim
Calada, ausente
Melancólica
Distante

Lá longe…
Como gosto de ti assim...

Alma Andrógina...

Permite a maturidade
desvencilhar-me dos traiçoeiros apelos deste mundo louco
e tornar-me iconoclasta pacifica desmascarando,
desfazendo idolos e crenças forjadas pelos estigmas infamantes
onde tradições, religiões e padrões marcaram meu mundo interno
 com  pesadelos aviltantes.

Por muito tempo, criança inocente , andei como penitente,
punindo-me ferozmente, julgando-me culpada,
 marcada pelo pecado original,
imoral.

A PAZ SORRATEIRA

Pasmem, acabou a paz,

Aqui, ali, e em toda parte,

E isso, para muitos, tanto faz,

O importante é o poder, destarte.

 

A violência impera, solerte,

Nos quatro cantos deste mundo,

E o amor, aquele amor mais profundo,

Parece apenas observar, inerte.

 

É claro que o bem é muito forte,

E luta com suas armas pacíficas,

Tentando, em manobras idílicas,

Levar o mal à própria morte.

 

E a paz, pasmem!

Se coloca fugidia,

Se esconde,

Um dia após o outro dia,

A FÊNIX

As asas...

A sombra das asas,

Abertas,

Da Fênix.

 

As garras...

A frieza das garras,

Assassinas,

Da Fênix.

 

Os olhos...

O vermelho dos olhos,

Faiscantes,

Da Fênix.

 

O medo,

O panico e o medo,

Aterrorizante,

Da Fênix.

 

Meu corpo...

Meu corpo é um banquete,

Indefeso,

Para a Fênix.

 

Minha vida...

Minha vida é uma fuga,

Incessante,

Da Fênix.

 

AMARGO AMOR

A maré do amor morreu,

Mareada, na murada,

Da morada melancólica,

De Maria, abandonada.

 

'Margamente maltratada,

A Maria amargurada,

Marulhou em mar de lágrimas,

Maremoto abrutalhada.

 

Tempestade impetuosa,

Massacrou pobre Maria,

Que no mar morto do amor,

Se esqueceu da maresia. 

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