Aos farejadores sem nariz

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Aos farejadores sem nariz

Pode um cão farejar seu próprio caminho? Talvez.
Mas e o louco?
Pode diagnostiar a própria miséria intelectual?

Nietzsche, desenhou sua genialidade, sua loucura,
Sem pudor...

Saber-se na outra extremidade,
A milhas e milhas de distância,
E ainda assim viver entre os iguais,
É um tipo de tortura contínua
Que pouquíssimos conseguem suportar.

Em seu maior momento de lucidez,
Ele abraçou um cavalo
Que sofria o espancamento cruel.

O próprio ser eu canto

O próprio ser eu canto:
Canto a pessoa em si, em separado
embora use a palavra Democracia
e a expressão Massa.

Eu canto o Corpo
Da cabeça aos pés:
Nem só o cérebro
Nem só a fisionomia
Tem valor para a Musa
digo que a forma completa
é muito mais valiosa,
e tanto a Fêmea quanto o Macho
eu canto.

A vida plena de paixão,
Força e pulsam,
Preparada para as ações mais livres
Com suas leis divinas
- o Homem Moderno
eu canto.

 Walt Whitman em "Canto a mim mesmo"

A BAUDELAIRE

 

Por vezes eu vi

Ao fundo de um teatro banal

Um ser feito de escombros e poesia,

De riso triste e expressão sombria.

Talvez poeta, talvez mendigo,

Outrora menino hoje um senhor.

E meu coração que êxtase algum seduz

Viu uma luz na alma daquele ator.

Meditações noturnas

Quero compor, à noite, as poesias
E os nuances dessa lua morta,
Alcandorando minhas alegrias
Para os fantasmas que me batem à porta.

Dos camafeus, o brilho incontido,
Que faz medrar as dores do meu ser;
No tênue corpo níveo e definido,
Quero o olor das rosas pra viver.

Na tepidez real das madrugadas,
Teus seios nus molhados que intumescem
Em minhas mãos sofridas e caladas
Que te violam e desaparecem.

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