A GRAÇA.

Que harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O ferreo pé da dor,
E o hymno da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?

Máquina Alguma de Poupar Trabalho

Máquina alguma de poupar trabalho
eu fiz, nada inventei,
nem sou capaz de deixar para trás
nenhum rico donativo
para fundar um hospital ou uma biblioteca,
reminiscência alguma
de um acto de bravura pela América,
nenhum sucesso literário ou intelectual,
nem mesmo um livro bom para as estantes
— apenas uns poucos cantos
vibrando no ar eu deixo
aos camaradas e amantes.

"Páginas de Solidão"

 

O evento conta com "Manuela Ferreira" que irá declamar algumas poesias

Conta também com a ensenação teatral em MIMICA do poema mais elegido; aliás, qual conta no reverso da capa: "Águas e Gritos.

Durante o evento contamos com a participação da nossa amiga: "Katya Borges" que providenciará uma projecção de Powerpoit contando a história artistica da poesia com imagens relativas ao livro: "Páginas de solidão" e outras que emitam a sensibilidade dos sons mais assimilados ao evento.

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