Passadiço do tempo

Caminho pelo passadiço do tempo deixando no pavimento da vida
Sílabas que se entreabrem num felino croché de palavras deslumbradas
Provocam no silêncio o breve balbucio de uma carícia quase, quase asfixiada
 
No passadiço do tempo os dias escorrem finitos, voláteis…tão conformados

Poeta aleatório

Meus bastardos gloriosos
Um recado a vós:
Quero acordar e não ler
Nenhum poema de minha
Autoria, especificamente
Os poemas sobre a política
Ou a crise mundial;
Gostaria de escancarar
A nudeza, não do corpo, mas
do espírito, este que irá ao inferno
E voltará sem vos dizer o fim
A tristeza e a hipocrisia fascinam-me
Sem ambas não posso enganá-los
Muito menos fingir uma dor
Que não há: Oh Cecília, por onde
Percorre vosso rosto? Nas páginas
De tuas prosas delirantes ou

Sísifo vive ao teu lao

Pegue-o antes que seja tarde
Traga-o a lucidez sem alarde
Um dia ele agradecerá Jó:
O da bíblia extenuado e só
Viverá pelejando abstinência
Ao berrar ao céu tua clemência

 

Puxe-o do sofrimento perene
E o jaz na crist(ã)lina pedra solene
A que desgraça Sísifo
Na absurdidade das rochas gastas

 

Pages