Poeta aleatório
Meus bastardos gloriosos
Um recado a vós:
Quero acordar e não ler
Nenhum poema de minha
Autoria, especificamente
Os poemas sobre a política
Ou a crise mundial;
Gostaria de escancarar
A nudeza, não do corpo, mas
do espírito, este que irá ao inferno
E voltará sem vos dizer o fim
A tristeza e a hipocrisia fascinam-me
Sem ambas não posso enganá-los
Muito menos fingir uma dor
Que não há: Oh Cecília, por onde
Percorre vosso rosto? Nas páginas
De tuas prosas delirantes ou
Na eternidade do amor (que teve)
De vossos sonetos? Moraes que o diga...
Rimbaud entende-me; escrevia silêncios,
festas e dramas, pois foi um profeta
Da poesia, os sentidos sobressaídos
A cada linha uma loucura asceta
Quem regride à terra dos sórdidos
Assassinos? Eu que não, mas o que deita
Com os penedos enquanto aos céus
Lamenta aos deuses já apagados
Torga que perdoe-me
- Assinado: Poeta aleatório