a minha crispação recria a força conjunta da pertinácia e da veemência; recria uma ordem que foge ao palrar fluido dos indivíduos; recria um versejar que ilude a tristeza gerada pelas virtudes dilapidadas.
desemboco num lugar onde o achamento de mim próprio sustenta o meu projeto candente: reunir a minha vida a uma festa íntima que me defenda dos temporais; e onde a importância das minhas utopias se faça escutar.
Pessoal, está na hora da verdade.
Neste beiral onde o tempo aterrou.
Sem demora, nem vaidade,
Despido na praia da saudade,
Que o Mar nunca beijou.
Preso na formalidade,
Engenho que o Homem criou.
Pessoal, está na hora da verdade,
Transparente sal cristalizado,
Lágrimas do meu avô.
O cais da multiplicidade arrede
Na embarcada mais sutil da rede
Capturando dezenas de peixes
Confusos nas águas altas de leixe
O homem se sente marinheiro
Chefe do mar, mas é um vespeiro
De pragas varejeiras com veneno
há contrariedades que me intimidam quando desenrolo a solidão e os seus afagos; que me debilitam quando rejeito o abraço ébrio das multidões; que embargam a minha alegria quando me liberto do desregramento.
Um poema para encher o peito
Sentir que você é necessário
Enganando o próprio respeito
Formatando o poema hilário
Contando estrofes e silabas
Para caber em pífias mentiras
Gostaria de voltar a ser asséptico, resguardar minha pureza nas plumas tão belas. Hoje o vento me viola, e a lua cheia fita meu fracasso. Percorri terrenos tão azuis, pareciam quimeras de sonhos juvenis; hoje a escuridão estrelada decai o vigor que havia em outrora. Fui limpo um dia, mas hoje, sujo; impuro, cheio de vermes perscrutando meus órgãos: a cada segundo minhas entranhas são devoradas por decadências até ontem estranhas.
